16/08/2018

A criolipólise, tratamento de gordura localizada por congelamento, virou febre no Brasil e no mundo, mas ainda deixa muitos pacientes na dúvida sobre as reais indicações e resultados da técnica.

Com a experiência de quem trabalha com a técnica desde seu lançamento no Brasil, vamos contar um pouco sobre seu desenvolvimento, as pesquisas científicas, os resultados e – por que não? – as tão temidas complicações.

CRIOLIPÓLISE – UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A TÉCNICA

A história da criolipólise é, no mínimo, curiosa. Em 2008, estudiosos de Harvard observaram um fenômeno conhecido como “paniculite do picolé”, caracterizado pela redução do volume dos lábios em crianças que consumiam muitos alimentos gelados como sorvetes e picolés. Assim surgia o insight de que, talvez, a gordura fosse sensível às baixas temperaturas.

As pesquisas foram conduzidas de 2008 a 2012 e exibiram resultados muito satisfatórios em relação à eficácia e segurança da técnica. Em 2012, o primeiro equipamento direcionado ao tratamento estético da gordura localizada foi lançado e recebeu o selo de aprovação do FDA Americano. A partir daí, em menos de 6 anos, centenas de milhares de tratamentos foram realizados ao redor do mundo e a criolipólise se tornou o método não invasivo mais indicado para a redução de adiposidades localizadas.

COMO FUNCIONA A CRIOLIPÓLISE?

A criolipólise promove um resfriamento controlado da região tratada por um período de 50 a 70 minutos. Essa redução de temperatura provoca uma reação inflamatória, a paniculite (como na história do picolé, que contamos acima), que culmina na apoptose (morte programada) das células de gordura. Essas células vão sendo removidas pelo sistema de defesa, sem que haja qualquer dano aos tecidos circunvizinhos.

Os resultados começam a ser observados na segunda semana após o procedimento e melhora progressivamente até 60 dias, quando boa parte dos resíduos do processo inflamatório são metabolizados.

PARA QUEM É INDICADO?

A criolipólise é indicada para indivíduos não obesos (com índice de massa corporal normal), que apresentam gorduras localizadas que não são facilmente eliminadas com dieta e exercícios físicos.

QUANTAS SESSÕES SÃO NECESSÁRIAS?

O número de sessões depende muito da quantidade de gordura a ser removida. Em geral, consegue-se uma redução de até 25% do conteúdo adiposo da área tratada por sessão.

QUAL É A SENSAÇÃO DURANTE O PROCEDIMENTO?

O procedimento é confortável, incomodando apenas no início, enquanto a região tratada começa a ser resfriada. Depois desse primeiro momento, a região fica anestesiada e o paciente pode relaxar por aproximadamente uma hora, assistindo TV, lendo um livro ou até dormindo.

EFEITOS ADVERSOS E COMPLICAÇÕES

Os efeitos adversos relacionados à criolipólise são, em sua maioria, temporários. Dor local de baixa ou moderada intensidade, edema, hematomas e alterações de sensibilidade são os mais comuns.

As complicações são um capítulo a parte e estão relacionadas, em sua maioria, a equipamentos de baixa qualidade e operadores com pouco – ou nenhum – conhecimento da técnica. Queimaduras e necroses de pele geralmente podem ocorrer quando se utilizam equipamentos não certificados ou sem manutenção periódica. O uso de mantas protetoras não certificadas ou reutilizadas também tem forte relação com o problema.

A única – e rara – complicação observada quando equipamento e técnica corretos são empregados é a chamada hiperplasia adiposa paradoxal. O problema, caracterizado por uma reação oposta à esperada (um aumento no número das células de gordura na área tratada), ocorre mais em homens e em regiões onde a gordura é mais compacta.

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